Como Prometido e porque hoje estou numa de inspiração literária, vou postar
mais um trecho do romance que estou a escrever!
Parte II – Fé
28 Ora, um dos escribas, que se aproximara e os ouvira
discutindo, sabendo que ele lhes tinha respondido de modo excelente,
perguntou-lhe: “Que mandamento é o primeiro de todos?” 29 Jesus
respondeu: “O primeiro é: ‘Ouve, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só
Jeová, 30 e tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente, e de toda a tua
força.’
Não tinha qualquer dúvida que fizesse o que fizesse, o que deus mandasse
fazer tinha de estar sempre em primeiro lugar. Este era o mandamento principal
para conduzir a minha vida neste mundo de injustiça, e de guerras, e de fome, e
de conflitos político-sociais e de depravação. O único meio de sobreviver na
terra, e se assim o fizesse teria como privilégio uma recompensa divina, que
ainda hoje tenho presente.
Eu nasci testemunha de jeová. Claro que podem dizer que ninguém nasce
testemunha de jeová como se nascesse chinês ou indiano. Mas para quem nasceu
numa família testemunha de jeová com certeza sente que nasceu com essa condição
sem opção de escolha. Da mesma forma que ao nascer não escolhemos ser homens ou
mulheres. Mas nada disto me revolta, se o leitor conseguir compreender é
semelhante ao facto de alguém neste mundo ter nascido numa família mórmon,
amish, muçulmano, ainda que, tal como estes, pudesse, em qualquer altura, usar
o livre-arbítrio de que fomos dotados, mas tendo em atenção que as
consequências iriam ser fatais.
As rotinas eram apertadas, tínhamos uma série de compromissos semanais aos
quais era impensável faltar. À terça, à quinta-feira e ao domingo pela tarde
tínhamos as reuniões de grupo, aos domingos de manhã tínhamos a divulgação de
casa em casa e de porta em porta distribuindo as pequenas revistas que eram
publicadas pela nossa organização. Foi numa destas saídas que me deparei com o
João, esse era um receio comum, o risco de nos encontrarmos com um colega da
escola e sermos alvos da mais escarnosa chacota.
Não eram as doutrinas fundamentais que me preocupavam, naquela idade eu não
discutia com os meus amigos como deus iria destruir o mundo e iria restaurar o
paraíso, esperando eu, que desta vez Ele não plantasse a mal fadada árvore do
bem e do mal. Não discutia assuntos de política religiosa embora aprendesse e
defendesse que um governo celestial seria a única solução para o mundo. Aliás
todos os cristãos rezam para que isso aconteça.
9 “Portanto,
tendes de orar do seguinte modo:“‘Nosso Pai nos céus, santificado seja o
teu nome. 10 Venha
o teu reino. Realize-se a tua vontade, como no céu, assim também na
terra. 11 Dá-nos
hoje o nosso pão para este dia; 12 e
perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos
nossos devedores. 13 E
não nos leves à tentação, mas livra-nosdo iníquo.’
Não havia um ano que não tivesse de explicar aos professores que não
festejava o natal, o carnaval, a páscoa, o meu aniversário, o aniversário dos
meus colegas, não pendurava enfeites nos pinheiros, nem pintava ovos, não
assoprava velas, não competia nas provas de atletismo, nem poderia fazer parte
da equipa de futebol nos torneios interescolares, não, nem, não, nem, não isto
e nem aquilo. Tudo o que dizia era devidamente fundamentado com ajuda das
pequenas revistas que distribuía e onde, através de histórias bíblicas antigas
e factos históricos de festividades pagãs se justificava o porque de tantos
nãos e nens.
Accepted!!! - Surpreso(s)!?
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