Estou a escrever um
romance, uma ideia parva que eu tive fruto de uma auto-terapia que me impus de há uns meses para cá…
Diria que o blog é
um dos remédios.
Bom como isto está a
tomar um caminho sério e porque sou um tipo cheio de complexos deixo um excerto
para darem a vossa opinião.
Uma forma de
celebrar 10 seguidores.
Quero opiniões! :-)
"Fujo
da escola porque não quero saber dela! Apesar de não ter reprovado nos anos
anteriores, como foi minha promessa. Naquele momento tudo fazia sentido. Era
ali que eu queria estar… A água é cristalina como uma ribeira de água nascente
tem de ser. Como desejava que o tempo parasse. Este caminho secreto é só nosso.
Um carreiro barrento desenhado pelas chuvadas do inverno, perigoso, porque as
pedras estão soltas, mas mesmo que esfolemos um joelho o caminho é a ribeira!
Estou com os meus melhores amigos, aqueles que me defendiam sempre que o pulha
voltava a sua atenção para mim e só a mim! O grupo não é grande mas também não
podemos chamar de melhores amigos a qualquer um. Os meus amigos eram só dois!
Compinchas de crescimento. Junto partilhava-mos as experiências com as
namoradas, as confianças e desconfianças, as inseguranças. Ninguém se julgava.
Não havia líder nem se queria confundir ali as coisas com a vida que vivíamos
fora daquele lugar secreto.
Os
banhos a nu, não deixam mostrar a minha idade nem as minhas inseguranças. Todos
somos iguais aqui, livres. Porque estar naquela condição era sentir-me livre.
Também era para não arriscar a maior tareia da minha vida. Aquele lugar tinha
tudo para ser secreto. O poço onde nadávamos tardes inteiras foi construído
pelas correntes fortes do inverno, uma curva num percurso natural em direcção
ao rio. Transpunha as hortas com o milho alto, e a vegetação escondia o caminho
de terra que tinha sido demarcado por nós. Os ramos das árvores são estendais
naturais onde a roupa esvoaçava e apanhava ar puro ao passo que partilhava-mos
aquele cigarro roupado ao pai.
“O meu pai não fuma, podemos comprar um
cigarro na taberna da avenida?”
O
velho, de tez roxa vendia cigarros avulso, 20 paus por cada um, 20 paus que eu
não ganhei, mas aquele cigarro valia qualquer risco. Até que a matemática
passou a fazer sentido e logo comprámos um maço. Lembro-me vagamente do plano
que engendrámos para entrar naquela taberna e comprar um maço inteiro de
cigarros que secretamente ficava na “ribeira”. Passámos algumas semanas a
juntar todas as moedas que tínhamos, esperamos que aquele pobre velho estivesse
tão embriagado que nos visse em bando e na oportunidade certa dizermos que os
cigarros eram para o pai de um de nós. Claro que ficámos convencidos de que ele
acreditou na história, inocentes a esse ponto, esquecemos por completo o facto de
sermos os mesmos rapazes que compravam um cigarro por vez naquela mesma taberna
àquele mesmo velho constantemente embriagado.
Entre
as pedras polidas e a vegetação guardávamos as coisas mais secretas, objectos
que nunca poderiam ir nas nossas mochilas de volta a casa, os isqueiros, o
maço, um canivete, uma foto de uma mulher nua ou uma VHS de um filme que nunca
vimos juntos, e que eu nunca cheguei a ver.
Os
peixes de agua doce fogem pelo rebuliço naquele poço, que lugar, que calor, que
liberdade…
“Rapazes
mais um mergulho!?” Nadava-mos até perdermos a noção do tempo, até a pele ficar
enrugada e os nossos colhões desaparecerem com o frio. As pedras voltavam a
escaldar as costas sem precisarmos de toalha, numa terapia de pedras quentes
digna de qualquer spa. Foi
aí que se percebeu que não é só erecções involuntárias, borbulhas e pelos que
fazem parte da puberdade. As miúdas que pensamos nuas a nadarem ao nosso lado
também. O sol forte está a bater-me na cara, cada um tenta chegar ao lugar do
derradeiro prazer mas todos sem sucesso. O que faltava?! Lógico que faltava a
verdade, ninguém ainda tinha lá chegado, todos sabíamos o motivo por que
ficávamos minutos a fio a tentar lá chegar acabando sempre por desistir. O
truque ainda não tinha sido descoberto por ninguém, mas o corpo pedia que
continuasse-mos."
Accepted!!!
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