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quarta-feira, 25 de março de 2015

Dia 84 – Book

Estou a escrever um romance, uma ideia parva que eu tive fruto de uma auto-terapia que me impus de há uns meses para cá…
Diria que o blog é um dos remédios.

Bom como isto está a tomar um caminho sério e porque sou um tipo cheio de complexos deixo um excerto para darem a vossa opinião.

Uma forma de celebrar 10 seguidores.
Quero opiniões! :-)


"Fujo da escola porque não quero saber dela! Apesar de não ter reprovado nos anos anteriores, como foi minha promessa. Naquele momento tudo fazia sentido. Era ali que eu queria estar… A água é cristalina como uma ribeira de água nascente tem de ser. Como desejava que o tempo parasse. Este caminho secreto é só nosso. Um carreiro barrento desenhado pelas chuvadas do inverno, perigoso, porque as pedras estão soltas, mas mesmo que esfolemos um joelho o caminho é a ribeira! Estou com os meus melhores amigos, aqueles que me defendiam sempre que o pulha voltava a sua atenção para mim e só a mim! O grupo não é grande mas também não podemos chamar de melhores amigos a qualquer um. Os meus amigos eram só dois! Compinchas de crescimento. Junto partilhava-mos as experiências com as namoradas, as confianças e desconfianças, as inseguranças. Ninguém se julgava. Não havia líder nem se queria confundir ali as coisas com a vida que vivíamos fora daquele lugar secreto.
Os banhos a nu, não deixam mostrar a minha idade nem as minhas inseguranças. Todos somos iguais aqui, livres. Porque estar naquela condição era sentir-me livre. Também era para não arriscar a maior tareia da minha vida. Aquele lugar tinha tudo para ser secreto. O poço onde nadávamos tardes inteiras foi construído pelas correntes fortes do inverno, uma curva num percurso natural em direcção ao rio. Transpunha as hortas com o milho alto, e a vegetação escondia o caminho de terra que tinha sido demarcado por nós. Os ramos das árvores são estendais naturais onde a roupa esvoaçava e apanhava ar puro ao passo que partilhava-mos aquele cigarro roupado ao pai.
 “O meu pai não fuma, podemos comprar um cigarro na taberna da avenida?”
O velho, de tez roxa vendia cigarros avulso, 20 paus por cada um, 20 paus que eu não ganhei, mas aquele cigarro valia qualquer risco. Até que a matemática passou a fazer sentido e logo comprámos um maço. Lembro-me vagamente do plano que engendrámos para entrar naquela taberna e comprar um maço inteiro de cigarros que secretamente ficava na “ribeira”. Passámos algumas semanas a juntar todas as moedas que tínhamos, esperamos que aquele pobre velho estivesse tão embriagado que nos visse em bando e na oportunidade certa dizermos que os cigarros eram para o pai de um de nós. Claro que ficámos convencidos de que ele acreditou na história, inocentes a esse ponto, esquecemos por completo o facto de sermos os mesmos rapazes que compravam um cigarro por vez naquela mesma taberna àquele mesmo velho constantemente embriagado.
Entre as pedras polidas e a vegetação guardávamos as coisas mais secretas, objectos que nunca poderiam ir nas nossas mochilas de volta a casa, os isqueiros, o maço, um canivete, uma foto de uma mulher nua ou uma VHS de um filme que nunca vimos juntos, e que eu nunca cheguei a ver.
Os peixes de agua doce fogem pelo rebuliço naquele poço, que lugar, que calor, que liberdade…
“Rapazes mais um mergulho!?” Nadava-mos até perdermos a noção do tempo, até a pele ficar enrugada e os nossos colhões desaparecerem com o frio. As pedras voltavam a escaldar as costas sem precisarmos de toalha, numa terapia de pedras quentes digna de qualquer spa. Foi aí que se percebeu que não é só erecções involuntárias, borbulhas e pelos que fazem parte da puberdade. As miúdas que pensamos nuas a nadarem ao nosso lado também. O sol forte está a bater-me na cara, cada um tenta chegar ao lugar do derradeiro prazer mas todos sem sucesso. O que faltava?! Lógico que faltava a verdade, ninguém ainda tinha lá chegado, todos sabíamos o motivo por que ficávamos minutos a fio a tentar lá chegar acabando sempre por desistir. O truque ainda não tinha sido descoberto por ninguém, mas o corpo pedia que continuasse-mos."

Accepted!!!

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